6.10.16

Carregue meu Cadáver - Capítulo 9

Ele a observava na banheira. O rosto flutuava levemente na superfície da água amarelada enquanto suas orelhas permaneciam submersas. O cabelo formava um halo de vitória-régia adornando sua cabeça. O corpo delicado e nu estava quase todo sob a água, com excessão dos bicos dos seios que quebravam a superfície do formol.

– Você é tão linda quando está quieta, meu amor.

Antônio acariciou os seios duros e molhados, fazendo todo o corpo balançar devagar de um lado para o outro.

– Você gosta de me agradar, não gosta?

A pele ao redor dos olhos enevoados já estava ficando amarelada. Os lábios começavam a rachar. Antônio acreditava que estava ficando cada vez melhor em esconder pequenas imperfeições com maquiagem.

O nariz apontava diretamente para o céu. Aparecia ainda mais agora que as bochechas começavam a afundar. De todos os defeitos que Ana apresentava em vida, esse era o mais evidente em morte.

Antonio colocou uma mão sob a cabeça de Ana. Com a outra, pressionou o osso do nariz para cima. Era libertador não ouvir que precisava ser delicado.

– Antoniooooooo – veio a voz de Dona Bete do assoalho – Não quebra nada que não consiga consertar!

– Me deixa, velha!

Antonio descartou o osso excessivo. Juntou a pele rasgada com durex.

Agora sim, Ana estava perfeita.

Esse é o nono capítulo de Carregue meu Cadáver, o livro que estou escrevendo sobre relacionamentos abusivos. Vou postar um capítulo por dia até acabar. 
Adoraria saber sua opinião, então deixe um comentário me dizendo o que achou, divida com quem você acha que vai gostar e me cobre se eu parar de postar. 
Obrigada!
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