30.6.10

No clima da copa

- Eu só não viro jogador de futebol porque sou muito nervoso.

- ...

- E porque jogo muito mal. Mas é mais porque eu sou muito nervoso.

7.6.10

- O que eles dizem nos filmes?

- Nos filmes eles dizem "eu te amo". E de repente somem todas as mazelas do mundo.

- ...E, sabe?, eu me sinto assim quando você diz que me ama.

6.6.10

Semana passada deletei o twitter.




e isso me deixa muito mais leve.

4.6.10

tem um acúmulo sobrenatural de sujeira na torneira do meu chuveiro. todas as noites em que tomo banho, fico esperando ansiosamente para que a empregada o limpe. e isso nunca acontece. por algum motivo subliminar, eu não consigo simplesmente pegar a escova de dentes rosa que está sobrando na pia e limpar a torneira eu mesma. acho que é força do hábito de esperar que a pessoa para a qual pagamos para fazer esses serviços baixos realize sua função. e elas nunca o fazem. não com sujeiras na torneira do chuveiro. tampouco com a sujeira que acumula entre os ladrilhos cor de rosa do chão do chuveiro.

eu não tenho uma esponja do bob esponja. eu sempre quis uma, simplesmente pelo pleonasmo da coisa, apesar de odiar o personagem. mas eu tive, recentemente, uma esponja cor de rosa em forma de coração das princesas da disney que tive de jogar fora por risco de contaminação pela sujeira. essa esponja - juntamente com os shampoos (que sempre andam em bando e nunca são jogados fora despeito o seu término), cremes para cabelo, esfoliantes, sabonetes, saboneteiras em forma de banheiras, sabonetes líquidos (que seguem a mesma regra do shampoo), sabonetes íntimos, giletes e lixas para pés - ficava em cima da pequena cômoda de ferro cor de rosa que me acompanha desde a infância com origens distantes e incertas. sim, a mesa, friso, de ferro, fica dentro do box, que é razoavelmente grande. e, sim, friso novamente, ele é muito velho. antiga, com a tinta descasacada em alguns lugares e enferrujada, ela fica dentro do box, mantendo toda a parafernalha feminina - que só não conta com itens como máscara para cabelos e loções pós-banhos pelo fato de eu não saber para que servem - distante da água. mesmo assim, enferrujou devido ao tempo e ao vapor da água. e suja tudo que toca nele, deixando tudo com cor de óxido de ferro e, molhado, preto. minha fiel cômoda enferrujou minhas princesas.

tive que comprar uma esponja nova, daquelas que parecem bolinhas e não têm desenhos. mas pelo menos ela continua cor de rosa, para combinar com todo o resto da indumentária do banheiro. ela fica pendurada na torneira, pela cordinha especificamente colocada pelo fabricante para esse tipo de situação. e todos os dias, após usar a esponja, eu a enxáguo, enquanto me enxáguo, para que ela não fique suja, para que ela também não me suje da próxima vez que eu for me limpar.

---x---

roubei a idéia daqui. visitem-no. :]

1.6.10

No prédio velho onde eu morava, havia uma garota no apartamente ao lado. Descobri logo, pelo barulho, que ela era prostituta. Me identificava bastante com ela: ela vendia seu corpo e eu vendia minha alma em minhas histórias. A diferença era que ela não se entregava. Tratava o trabalho, todo aqule contato físico, suor e gemidos falsos ou não, com o distanciamento que alguém trata formulários de exportação ou planilhas de uma grande empresa.

Quando ela não estava trepando, gostava de me convidar para tomar chá com biscotinhos e conversar. Chá só fica bom com bastante açúcar e as bolachinhas, olha que gracinha!, eram mandadas pela avó todas as semanas. Ela se interessava tanto pelo que eu fazia quanto eu pela profissão dela.

"Nunca te faltam idéias?" ela me perguntou uma vez, impressionada.

"É claro que faltam," eu respondi rindo. "E então eu converso com gente interessante como você."

Ela era uma fonte inesgotável de boas histórias. Me dizia como era honroso transar com garotos virgens. Se sentia uma professora, ensinando tudo. Que parecia um presente para todas as outras garotas que aqueles meninos comeriam. Era quase filantropia.

Perguntei-lhe uma vez se ela sentia falta de um namorado.

"Para quê? Trepo o dia inteiro!" disse rindo. "E ainda recebo por isso." completou.

"Mas namorados não são só para trepar," retruquei, romântica incurável que sou. "Eles são aquela pessoa que te ouve, que te faz companhia sempre, que te apóia..."

"Ah!" ela sempre ria quando falava dessas coisas. "Pra isso eu tenho meus amigos, como você."