30.6.11

Hollywood

Hollywood Bulevard, amigos, parece a 25 de março. Deborah inspira a fumaça da ponta da cigarrilha, olha, por baixo dos óculos de meia lua, para seus arredores e expira devagar, desprezando tudo ao seu redor. Mas é sério, acho que a maior característica de Hollywood Bulevard é ser o reino do kitsch e do piegas. Assim, bem cinema, mesmo. Aquilo que, de longe, por trás da lentes, na tela, parece lindo. Mas aí quando vc vai olhar o figurino ao vivo, sempre parece ter glitter demais. E nada no mundo deve ter glitter. Nem um pouquinho. Mas é legal, justmente por ser assim, tão brega. Tem que entrar na brincadeira. Achar as estrelas no chão, ver as coisas bregas dos giftshops caríssimos - e procurar pelas mesmas coisas em outros bairros menos badalados -, olhar os cinemas pisca-piscantes e tirar foto das celebridades em cosplays ruins na frente do Kodak Theater. Que, nas noites que não tem Oscar, é simplesmente um shoppingzão gigante, com todas as lojas do mundo e balcãozinhos de onde as pessoas tiram fotos da plaquinha de Hollywood. Da distância, a placa fica imperceptível na câmera e é necessário procurar por alguns minutos até achá-la ao vivo, mas olhando lá de cima é realmente muito legal. Você finalmente sente que está em Los Angeles e é por isso que todas aquelas pessoas estão falando inglês com você.

E eu tirei algumas fotos, mas não muitas porque, vocês já devem ter percebido, não é o lugar mais fotogênico do mundo. Cliquem na primeira imagem pra ver a plaquinha.





21.6.11

Sobre lojas

Se eu não fosse seja lá o que eu sou hoje, eu teria uma empresinha. Empresinha querendo dizer uma lojinha. Tipo uma livraria. Ou uma papelaria. Ou uma loja de coisas crafts e material de arte, cheio de botões, tintas que não sei usar e giz papel. Ah, e papel colorido. Por toda a loja, de todos os tipos. E canetas bonitas e lápis com penduricalhos bonitos e inúteis. E aqueles clipes gigantes que custam caro e nunca realmente usamos. E daqueles durex coloridos. Porque toda boa papelaria/loja de crafts é recheada de coisas bonitas e inúteis.

Acho que o que eu mais queria ter era um bom sebo. Cheio de livos interessantes com capas bonitas. E livros de arte que não custam 500 reais. E quadrinhos, um montão deles. E livros raros. E aqueles bem velhos que cheiram bem. E aqueles que têm cartas de amor no meio. Eu deixaria as cartas de amor no meio como brinde. Acho bonito, declarações e dedicatórias pra pessoas estranhas e antigas, das quais sabemos apenas o nome e quiçá a data.

Mas uma coisa que eu sempre pensei em ter, no tempo que eu sonhava em ser cineasta, era abrir um cinema. Daqueles meio cineclube, no meio da rua, fora de shoppings center, que passaria filmes fora do circuito comercial e filmes antigos, à minha escolha e à escolha dos clientes, que sempre chegariam pedindo filmes antigos de países distantes e que eu conheceria pelo nome. E meu cinema teria uma exposição de cartazes de filmes diferentes. E teria cadeiras de tecido vermelho, porque todo bom cinema tem cadeiras de tecido vermelho. E pipoca doce, claro.

11.6.11

Virando adulto

A coisa mais importante, acho, é achar o que você quer fazer. Você. Não seus amigos, seu namorado, sua família. Achar alguma coisa que você acha que faz relativamente bem e que gosta de fazer. É um caminho longo, tortuoso, cheio de voltas, tropeços, tombos, quedas de prédios altíssimos, dor, lágrimas e suor. Pare de tentar ser seu amigo mais talentoso ou tudo que seus pais queriam ou aquele blogueiro que você mais gosta. É importante perceber que somos todos diferentes e fazemos coisas diferentes. E que você ainda vai descobrir algo que gosta de estudar e que gosta de fazer, diferente de todo mundo. E vai conseguir que alguém te pague por isso - porque pagar o aluguel, o capuccino do lugar onde você rouba o wifi, comprar lentes novas pra câmera e livros novos e viajar pra Istambul ou mesmo pra Ouro Preto são coisas necessárias.

Mas antes de viajar o mundo e redecorar a casa do jeito que você sempre quis, tem que haver dinheiro. E é necessário um emprego que te faça feliz. Você passa um terço da sua vida fazendo isso. Então faça direito.


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E eis o projeto que me fez tão feliz. Espero que gostem. (Não tem som.)