Era intervalo na escola Madre Tereza. Gabriela e Taís estavam sentadas na mureta do pátio assistindo aos outros adolescentes lancharem e se divertirem.
Marília ria exageradamente e ajeitava o cabelo enquanto conversava com Diego.
– Só a Marília não sabe que o Diego é viado, né? – disse Taís.
– Vai ver ela gosta de viado.
– Viado deve ser mais carinhoso. Não bate em mulher. Tipo aquele advogado, você viu?
– Vi com meu pai. Horrível.
Diego sorria enquanto observava Marília. Ele gostava que ela lhe desse atenção. Assim talvez os outros meninos parassem de colocar glitter cor-de-rosa dentro de sua mochila. Marília ignorava a sexualidade de Diego. Sabia que o amor superaria qualquer obstáculo.
– Mas e a festa?
– Eu não sei, Gabi. Não aguento mais mais o povinho desse colégio.
– Mas a Ariane nunca convida a gente. Foi a primeira vez. Será que foi pra comemorar nosso último ano?
– É que ela sabe que a gente não vai.
– A Ana iria. E ia arrasar.
– A Ana é boa mesmo com esse tipo de coisa. Eventos sociais. Faz todo mundo rir. Convida ela, se você quer tanto ir.
– Vou convidar mesmo, – Gabriela tirou o celular do bolso e começou a digitar com os polegares. – Tô cansada de ficar em casa só lendo e jogando videogame.
– Você sai comigo, ow!
– A gente só lê e joga videogame. Num dia mais agitando a gente vê filme ou vai pro parquinho, nessa bosta de cidade.
Mensagem enviada. Gabriela encarou o celular.
– Duvido que ela vá – disse Taís, dura. – Ela só sai com o namorado agora.
Gabriela franziu a testa.
– Eu vi as fotos. Ela tá até de aliança.
– Casou, né? Olha que adulta.
Houve um momento de silêncio. Quando eram crianças, Taís, Gabriela e Ana costumavam se ver todos os dias. Depois da escola, brincavam na rua ou na casa de uma das meninas. Ao passar dos anos, a distância foi surgindo. Primeiro quando Ana se mudou, de casa e de escola. Ainda se falavam com alguma frequência, agora pela internet, mas não era o suficiente para substituir os bilhetes passados em sala de aula. Gabriela se questionava se estava sendo uma boa amiga, apesar da distância. O namoro de Ana parecia sepultar esse abanono.
– Tô com saudade dela – disse Gabriela.
– Quero é que ela se foda – disse Taís.
Esse é o sexto capítulo de Carregue meu Cadáver, o livro que estou escrevendo sobre relacionamentos abusivos. Vou postar um capítulo por dia até acabar.
Adoraria saber sua opinião, então deixe um comentário me dizendo o que achou, divida com quem você acha que vai gostar e me cobre se eu parar de postar.
Obrigada!
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