15.12.16

Carregue meu Cadáver - Capítulo 46

Taís sabia que seu maior arrependimento da vida viria de abrir a porta, entre a cama e a escrivaninha.

Taís segurou a mão de Gabriela e abriu a porta.

Taís e Gabriela levaram meses para conseguir voltar a dormir. Todas as noites depois daquela, elas alternavam entre quem acordava suando frio e sem fôlego. A imagem ficou gravada a lâmina de barbear no fundo de seus olhos. Era diferente dos filmes que as meninas assistiam escondidas de madrugada. Diferente dos livros de zumbi. Diferente de todos os jogos.

Antonio atravessava Ana como uma estaca. A puxava para perto de si ritimamente em um ritual fúnebre. Taís sentiu seu próprio corpo ser violado. Gabriela gritou para manter seu estômago no lugar, que insistia em escapar pelo esôfago. Só então Antonio parou o que estava fazendo. Não amoleceu.

De trás da porta, Paulina empurrou as meninas abrindo caminho para a banheira. Dona Bete vinha logo atrás dela, agarrada às beiradas da sua blusa vermelha, arranhando seus braços.

Paulina empurrou Antonio para longe do cadáver da filha. Levantou seus restos da banheira. Ajoelhou-se no chão com o corpo putrefato. Não parava de gritar.

– Minha filhaaaaa! Minha pobre filhaaaa!!

Dona Bete empurrou o filho para o quarto, o obrigou a fechar as calças. As meninas se afastaram de Paulina, dando-lhe espaço. Gabriela tremia como um galho seco em meio à tempestade. Taís segurou a mão de Gabriela. Se posicionou em frente à porta para velar o luto de Paulina.

Não amoleceu.


Esse capítulo faz parte de Carregue meu Cadáver, o livro que estou escrevendo sobre relacionamentos abusivos. Vou postar um capítulo por dia até acabar.
Adoraria saber sua opinião, então deixe um comentário me dizendo o que achou, divida com quem você acha que vai gostar e me cobre se eu parar de postar.

Obrigada!

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