– Taís, né? - disse Antonio.
Taís tinha visto Antonio uma única vez, mas era impossível esquecer dele. Os olhos presunçosos, o sorriso mal-humorado, a roupa que nunca parecia cair muito bem. Antonio andava aos trancos e segurava Ana pelos ombros, forçando seu peso para baixo. Seus pés arrastavam-se no chão, as pontas dos sapatos carcomidas pelo asfalto. Parecia que Ana tinha sido arrastada assim pelo menos uma centena de vezes. Taís não soube como reagir.
– Gabi, né? - Antonio sorriu e enquanto se virava para Gabriela.
Gabriela limpou o rosto, mas não conseguia parar de chorar. Ela não conseguia tirar os olhos do braço decepado no chão. Não conseguia entender como não sangrava. Parecia um galho seco, prestes a cair da árvore há semanas. Como era possível?
Taís tinha visto Antonio uma única vez, mas era impossível esquecer dele. Os olhos presunçosos, o sorriso mal-humorado, a roupa que nunca parecia cair muito bem. Antonio andava aos trancos e segurava Ana pelos ombros, forçando seu peso para baixo. Seus pés arrastavam-se no chão, as pontas dos sapatos carcomidas pelo asfalto. Parecia que Ana tinha sido arrastada assim pelo menos uma centena de vezes. Taís não soube como reagir.
– Gabi, né? - Antonio sorriu e enquanto se virava para Gabriela.
Gabriela limpou o rosto, mas não conseguia parar de chorar. Ela não conseguia tirar os olhos do braço decepado no chão. Não conseguia entender como não sangrava. Parecia um galho seco, prestes a cair da árvore há semanas. Como era possível?
Gabriela viu os dedos gordos de homem desengonçado pegar o braço do chão. Ela acompanhou o membro morto com os olhos.
– O q-que você vai fazer com isso? - balbuciou Gabriela.
– O quê? - Antonio sorriu. Escondeu o braço atrás das costas. - Não há nada aqui.
A cabeça de Ana pendia para frente, todo o seu cabelo cobrindo sua cabeça. Dava para ver o escalpo encouraçado debaixo dos fios ralos.
– Por que ela tá sem braço, Antonio? - perguntou Taís devagar.
– Ah, a Ana tá sempre perdendo as coisas. Sorte que eu tô aqui pra achar, né?
Ele deu uma risadinha. As duas meninas estremeceram.
– Bom, foi ótimo ver vocês. A Ana tá morrendo de saudade, ela sempre fala de vocês.
– Ela tá b-bem aqui. – disse Gabriela.
– Por que você não fala com elas, Ana? - disse Antonio.
Antonio puxou a cabeça de Ana para trás. Um verme deslizou da sua boca meio aberta. Uma pálpebra estava fechada, a outra só abria até a metade, mostrando uma íris leitosa. No lugar do nariz estavam apenas dois buracos.
Gabriela parou imediatamente de chorar. Taís não conseguiu sequer se mover.
– Acho que ela não quer falar com vocês. - disse Antonio. – E, vocês sabem, eu nunca forço a Ana a fazer nada que ela não queira. Bom dia, meninas, agora nós vamos na roda gigante.
Esse capítulo faz parte de Carregue meu Cadáver, o livro que estou escrevendo sobre relacionamentos abusivos. Vou postar um capítulo por dia até acabar.
Adoraria saber sua opinião, então deixe um comentário me dizendo o que achou, divida com quem você acha que vai gostar e me cobre se eu parar de postar.
Obrigada!
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Um comentário:
Nossa, isso tem que ser publicado pra caralho
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