Até onde sabia, poderia ter nascido lá. Ou melhor, brotado, pois não se lembrava da mãe, nem de ninguém. O quarto era escuro e muito alto. Não havia mobília. Uma única janela, lá em cima, de onde vinha a luz e, às vezes, a água.
Sua única distração era olhar o que acontecia além da janela. As sombras brincavam nas paredes, coloridas. Não sabia de onde viam aquelas cores, ou os sons, ou mesmo a luz. Não sabia o que era luz, só sabia que gostava.
Acordava com a luz entrando e dormia depois dela ir embora. Quando estava na escuridão, confabulava sobre o que haveria lá fora - se é que havia algo lá fora.
Passou anos assim. Dias após dia. Só olhando a luz, os reflexos de coisas coloridas que não conseguia enxergar de verdade. Só pensando no que poderiam ser.
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