aristocrata. grã-fina. daquelas tão finas e demodês que usam estolas de pele com cabeças de animaizinhos mortos penduradas em seus ombros e penachos nas cabeças. gorda de ostentação. viveu todos os seus dias de seus sessenta e poucos anos parasitando a fortuna conquistada ainda pelo avô. pouco ligava para o politicamente correto, afinal, o dinheiro comprava todas as suas facilidades e não era questionada por ninguém.
em seu enorme palácio cercado de empregados, havia um cômodo dedicado unicamente para seu pequeno schnauzer cinzento que a acompanhava desde a terceira viuvês. chamava seu nome com sua voz de soprano lírico dramático adquirida nas aulas de canto da adolescência:
- trotskiiii!!
e o cachorro vinha feliz, saltitante e com a língua para fora, pronto para receber biscoitos de sabores artificiais, banhos de perfumes franceses ou simplesmente afagos infinitos.
não conhecia a origem do nome do cachorro. achava que era um tipo de biscoito delicioso que experimentou certa vez no maravilhosamente lindo museu de tesouro do czar em são petesburgo. e gostou da forma como o nome soava.
11 comentários:
Deborah...
Obrigada pela visita lá no meu blog!
Tens um estilo interessante de escrever, voltarei.
Beijo.
"Trrooootssskiiii!" imaginei o agudo que isso provoca pela voz de uma soprano bem gorda.
hahahaaha
Não sei quem é mais infeliz de caráter - o animal, mais inteligente que a dona, ou a dona, burra, cheia da grana, mas que -possivelmente - jamais tocara em um livro.
Ouvir o chamado do Trotski deve doer na alma.
Não sei de quem eu sinto mais inveja, se da dona do cachorro ou do cachorro em si. :P
Mas Trotskiii soa muito melhor do que Karl, por exemplo. Ela não estava errada.
Pensando bem, Trostki é um bom nome pra um cachorro.
Ou pra um cavalo. Não sei.
:)
trotski era foda, tem meu respeito.
Gostei. :)
Eu sempre quis ter um cachorro chamado Napoleão. Mas Trotski também é uma boa idéia.
Bom, convenhamos, ignorância pode ser mesmo uma benção.
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