2.10.07

Os textos se escrevem. O escritor os inicia, mas eles mesmos seguem seus próprios caminhos, tomando rotas alternativas àquelas que estavam planejados, extendendo alguns caminhos, encurtando outros, tirando outros do papel completamente. E acabam quando querem. Não quando o autor quer. Terminam como e quando querem. Se tentar continuar, vai parecer errado. Têm de terminar com uma frase de impacto - sempre. O final é o que importa, disse Johnny Depp em A Janela Secreta. É mesmo. Se você escrever uma história magnífica e tiver um fim ruim, não será uma boa história. A última frase, por sua vez, tem de ser a mais explendorosa de todas. Tem que haver aquele gostinho de que deveria ter continuado no fim da história. Aquele último suspiro. O "boa noite" da escrita. E, claro, pode tentar se esforçar o quanto quiser para elaborar a boa frase final. Mas ela sempre vem pronta.

É como se os textos estivessem esperando por serem escritos. Me sinto psicografando, às vezes, e, ao reler, me surpreendo com o que escrevi. Eles têm vida própria. Não fui eu quem escreveu. Os personagens seguem seus rumos. O cenário se mostra. As ações ocorrem. Tudo isso independe do escritor. Ele é o historiador: aquele que apenas relata verdades que não presenciou, ocorridas em terras distantes nas quais não acreditamos mais.

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