25.9.07

sonho

Havia uma pequena caverna que servia de entrada para a sala de reuniões. A sala em si era um lugar sombrio, mal ilumado pela luz amarelada de algumas poucos velas repousando sobre candelabros. Móveis empoeirados. Teias de aranha.

Mas a entrada era muito pequena, mesmo. Tão minúscula, que um dos monges que se dirigiam à sala de reuniões ficou preso nela. Seus ombros não passavam pela passagem. Puxou, puxou, puxou tanto, que seu pescoço ia cedendo aos poucos, cobrindo o chão de sangue enquanto ia se livrando da cabeça - o obstáculo impedindo sua entrada.

Deixando a cabeça para trás, entrou na sala e sentou em uma das cadeiras com costas altas e cabeceiras bem trabalhadas.

Percebendo sua decapitação, a menina menor foi procurar um rosto para substituir aquele que seu superior tinha perdido.

Sujou o vestido rendado, o laço, as meias brancas e os sapatos de verniz dentro da caverna. Olhando ao redor, com a pouco luz proveniente da sala, viu que haviam vários rostos sobre o chão cinza-arroxeado, uns três ou quatro. A cabeça de seu mestre, entretanto, estava enterrado no teto da caverna. Jazia lá, cinzento, com os olhos fechados e a boca aberta, como todas as outras faces. A única coisa que o diferenciava dos outros era que tinha crânio e pescoço e os demais eram apenas rostos: pele morta e globos oculares sobre o solo.

Havia, também e contudo, uma boneca no meio de tudo aquilo. Pensando pelo bem de seu amo, a garotinha resolveu descascar o rosto da boneca - aquele que parecia o mais vivo dentre todos eles - para dar a ele.

Retornando à sala de reuniões, já com seu trabalho finalizado - o rosto de plástico seco e sílios postiços nas mãos, suja da cabeça aos pés - quis entregar o presente ao monge.

- Do que adianta - respondeu ele - ter um rosto se não tenho uma cabeça para sustentá-la?

19.9.07

Festival de Animes, Bancos e Caminhos Desconexos

Em primeiro lugar, este é o 333, em 3 anos de blog. Eu esqueci de comemorar os 3 anos daqui, o 100º, 200º ou 300º post, mas eu prometi pra mim mesma que no post 333 eu ia fazer alguma coisa. Tá aí: ficou avisado.

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Festival de Animes, Bancos e Caminhos Desconexos


Esse fim de semana eu fui num evento de anime, aqui na gloriosa Campinas. Eu nunca tinha ido em um e admito para vocês que fui com um mínimo de receio, porque um amigo meu tinha me incado o contrário, mas as amigas com que fui estavam tão empolgadas que eu não pude me conter a acompanhá-las. Na véspera (porque é de prache deixar tudo pra última hora) pedi dinheiro pros meus pais (porque também é de prache eu nunca ter meu próprio dinheiro) e minha mãe me deu o cartão dela (mal sabia ela do perigo que corria. eu normalmente gasto pouco. creio que ela contava com isso).

Então, depois da aula antes do evento, eu fui com uma das minhas amigas pegar dinheiro no caixa eletrônico do subsolo do shopping (cursinho fica no shopping). Mas justo o que eu precisava estava fora do ar ¬¬ Então decidimos que eu poderia dar uma voltinha quando chegássemos ao local do evento, já que é bem no centro da cidade e achar qualquer coisa por lá é bem fácil.

Depois de nos perdermos de nossa carona, buscarmos a irmã do motorista, chegarmos, encontrar a maior galera e deixar a maioria dessas pessoas comendo yakisoba, decidi que chegara o momento de eu ir em busca do meu banco. Convoquei uma amiga e lá fomos nós.

Paramos numa lanchonete (agradecendo para quem quisesse ouvir por não estarmos fantasiadas) e perguntamos onde teria um banco. Então um senhor tomando sua cerveja nos indicou um caminho, mas recomendava mais irmos até a rodoviária. Então rumamos à rodoviária.

E fomos, e fomos, e fomos. Debaixo do sol das 13h30, ambas trajando preto, carregando bolsas pesadas, eu de salto alto, subíamos várias ladeiras até finalmente chegar ao nosso destino (nesse momento, eu agredeci mais ainda por não ter vindo com o vestido preto longo, o qual eu planejei vestir). Então eu tirei meu dinheiro, tomamos água de um bebedouro de água quente (melhor que nada) e iniciamos a jornada de volta.

Há um quarteirão de lá, encontramos um casal que, com certeza, vinham do mesmo lugar que nós (a menina estava de peruca branca e quimono, e estava tão bem fantaisada que tive que chegar bem perto para perceber que realmente era uma garota). Então resolvemos perguntar se havia um caminho mais fácil até o evento:

- Oi! Você sabe como chega até a Nipo?

- Oh, não! - ela disse, irônica - Me reconheceram! Eu pensei que estava me camuflando tão bem...

E ela nos explicou um caminho bem mais fácil. Tão mais fácil que chegamos na metade do tempo que levamos para ir. Além disso, há umas duas quadras do evento, vimos, grande e reluzente: o meu banco. O banco mesmo, não só o caixa eletrônico.

Poderia jurar que o cara que deu a informação o fez de propósito.

14.9.07

é como se um pedaço de mim tivesse morrido.

será que acabou mesmo? as turbulhências voltarão, claro, na próxima conversa. mas aí serão só coisas da sua cabeça. como sempre.

11.9.07

Há 6 anos atrás aconteceu o que diziam que daqui a muitos anos dirão que foi o início da era do terror. É mesmo? Não é a mesma coisa há cinqüenta anos com a guerra fria? Há cem com a primeira guerra e o neocolonialismo? Há 500 com o colonialismo propriamente dita?

O que mudou, na verdade, foi o centro das atenções. Antes o mundo era eurocêntrico e agora firmou-se norte-americano (mais ou menos, porque alguns anos mais tardes houveram ataques na Inglaterra e na Espanha - haha, pobres americanos, se achando tão especiais pq sua torrinha foi derrubada...). Disso, todo mundo já sabia. Desde a independência, os Estados Unidos queriam ser a nova Europa. Fico imaginando se, por influência deles, 11 de setembro de 2001 vá se tornar o marco que separa a Idade Contemporânea da Idade do Terror (nome bem pretencioso, hein?, levando em consideração que se tem uma coisa que se perpetuou por toda a história, é o terror).

Na real, 11/9 não mudou nada para mim, eu nem lembrava que dia era hoje, além de ser a véspera do aniversário da minha irmã e uma terça-feira, até meu professor falar, fazendo piadinhas, claro. Sinceramente, nem sei porque "comemoramos" todo ano o 11 de setembro. Poderíamos "comemorar" também o Dia D (muito mais importante para a história), o Glope de 64 (bem mais perto de nós, brasileiros) ou a Revolução Francesa. Cá entre nós, bem mais importantes e emocionantes que uns aviões batendo numas torrinhas...

4.9.07

O problema de ler um livro verdadeiramente bom é que você acaba esquecendo de fazer algumas coisas, como estudar, mas isso já era de se esperar. Além disso, esquece algumas outras coisas mais rotineiras, como comer, dormir e tomar banho.