7.8.07

O Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas) escrito e produzido pelo Tim Burton em 1994, resolveu fazer sucesso de uns 2 anos pra cá. 13 anos depois. Talvez isso seja só mais um filme retrô que entrou na moda, como O Mágico de Oz e Laranja Mecânica, já que coisas retrôs estão na moda (então eu descobri - muito tristemente, porque eu seria indie não fosse meu gosto musical - que estou na moda). Talvez isso seja uma coisa boa, porque esses filmes muito bons finalmente foram descobertos por jovenzinhos sem muita coisa na cabeça. Talvez eles comecem a pensar.

O problema é que o Jack virou quase um íncone emo e eles têm TUDO dele desde camisetas até bonequinhos carésimos de coleção. Lançou até um mangá da história! Parece que o visual burtoniano do filme (um dos traços mais marcantes do diretor e, tristemente, dos emos) e os personagens simpáticos (principalmente o Jack e a Sally, que até viraram personagens do "I miss you", do Blink 182 ¬¬) fazem o maior sucesso. Isso não é um problema, na verdade, não fosse a inovação que a película trouxe para o mundo do cinema. O Estranho Mundo de Jack foi o primeiro longa-metragem feito em stop-motion (com massinha). Se não fosse tão lindo, seria até meio tosco, porque os personagens não mexem a boca na mesma velocidade com que falam. Além disso, é um filme bastante macabro para crianças. Na época que foi lançado - na verdade até hoje, acho - destaca-se entre as animações da Disney sobre contos de fadas fofinhos, onde a coisa mais assustadora era a madastra da Branca de Neve. Até Noiva Cadáver, do mesmo Burton e com personagens mortas, é mais leve que ele.

Bom, eu só vi a obra inteira uma vez, no cinema, aos 7, 8 anos, com meus irmãos e meu pai. Foi realmente muito diferente de todos os outros filmes que eu tinha visto (eu só assistia a desenhos animados), sobre princesas e coisas alegres. Marcou muito. O que foi mais impactante pra mim é que a animação era meio dark e eu adorei. Senti como se eu estivesse quebrando as regras, de algum jeito.

Na época, eu estudava numa escola evangélica fundamentalista. Tinha aula de religião e talz. Na primeira série, quando lançou Poccahontas (é assim que escreve?), a professora (uma senhora solteirona, que praticamente fundou o colégio) passou uma fita do filme (Na época tinham umas fitas vermelhas que vinham junto com os livros dos filmes da disney. chamavam read-along, eu tenho até hoje o da Pequena Sereia.) e ia parando a história nas cenas dos ritos indígenas, dizendo que aquilo era coisa do demônio. Lavagem cerebral total. E a Disney me fez o favor de lançar Nightmare no mesmo ano :] Ah! Como eu era rebelde!!

Lembro de ter comentado com uma amiga minha (uma das únicas amigas de infância com quem ainda mantenho contato), filha de pastor, sobre Nightmare e ela reagiu da maneira que eu esperava: coisa do demônio. Deixei quieto, não comentei mais. A partir daí eu comecei a assistir os desenhos do Beetlejuice e da Família Addams, que seguiam mais ou menos a mesma linha.

Na verdade eu deveria agradecer à essa onda do Jack, porque eu não lembrava o nome do filme ¬¬

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