O silêncio pesava no ambiente depois de tanto barulho. O cheiro de ferro, muito vivo, inundava a sala. Seu corpo, ainda quente, estava estirado no chão. A cabeça estava de encontro com a perna da mesa, de onde escorria a nascente de sangue quente, que aumentava aos pouquinhos a poça vermelha ao pé da mesa.
– Ainda bem que ela bateu a parte de trás da cabeça – ele disse, andando pela sala, enquanto desviava do líquido vermelho que esfriava. – Seu rosto é tão bonito.
Ela sabia, é claro. No fundo, bem no fundo, ela sempre soube. Os medos, as palpitações, a ansiedade. Tudo aquilo que se confundia com amor. Nunca deveria ter exigido tanto do namorado, era só o jeitão dele. Deveria era ter escrito sua carta de suicídio.
Olhando bem, nem parecia estar morta. Bastava dar uma lavadinha, encher o buraco da cabeça na frente e atrás de algodão e pintar para dar uma corzinha. Igual os agentes funerários fazem. Ficaria perfeito. Nunca desconfiariam.
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