Ela olhou para o toco final da vela. Há algumas horas ela tinha brilhado tão forte que iluminava o quarto inteiro e qualquer outra fonte de luz parecia simplesmente refletir sua grandeza e beleza, tornando-a muito mais forte do que realmente era. Estava no finzinho, no entanto, e já não brilhava tanto. A luminosidade enfraquecia aos poucos, como se pedisse para sobreviver e soubesse que não era possível.
Então ela foi na dispensa, iluminando-se com a vela antiga ainda, e escolheu, dentre todas as outras velas da caixa, uma nova. Acendou esta com aquela, pingou algumas gotas de cera no castiçal, fixou a vela - alta, branca e muito mais luminosa - em seu lugar.
Observou as chamas das duas por um momento rápido. Então, abaixou os lábios na altura da chama da vela enfraquecida e assobrou.
A fumaça fez rodeios bonitos pelo quarto à luz da vela nova. A luz de outrora permanecia apenas como uma lembrança.
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