29.10.05

Queriam fazer uma festa de Halloween realmente mórbida. Estavam de saco cheio de festas em boates mal-iluminadas, onde ninguém ia fantasiado por vergonha e só era tocado música eletrônica, igual a todas as outras festas. Queriam algo diferente de tudo que já tinha sido feita, com cara de mau, realmente em clima de bruxos. A solução foi óbvia:

- Faz no cimitério – sugeriu uma das organizadoras, uma menina com o cabelo ondulado pintado de vermelho, piercing no nariz e estrela na blusinha.

Todos adoraram a idéia. E a maior vantagem seria que assim a festa sairia mais barata, afinal, era impossível alugar um cimitério, teriam que invadí-lo mesmo, depois que fechasse. Então ficou tudo arrumado, marcaram com a bandinha, com os amigos uderground, compraram as bebidas e foi tudo mundo lá, dia 31, segunda-feira.

A festa estava super-animada, todo mundo adorou o local e, daqui a pouco, estavam todos no maior bate-cabeça ouvindo a bandinha, bêbados. E barulho começou a aumentar, enquanto a galera se embebedava e começava a delirar.

- Que bom que não têm vizinhos aqui, né? Assim ninguém enche o saco – falou uma menina de coturnos e maquiagem pesada para a amiga de cabelo vermelho do começo da história, uma das únicas que não estavam tão bêbadas.

- Vizinhos temos, mas estão todos mortos!

Elas riram alto.

De repente, uma mão cadavérica saiu da terra úmida do chão ao lado delas. A ruiva deu um grito. Depois calou-se, vendo que a mão se transformava num braço, num ombro, e finalmente, surgiu o crânio, que, de vivo, tinha apenas os cabelos.

- O que fazem aqui, perturbando meu sono? - a voz ressoava profunda e pesada como o fechar de lápides.

A menina de coturnos sorria:

- Quem arrumou isso? É demais!!

O corpo, apesar de não ter expressão facial, parecia enfezar-se. Saiu da tumba por inteiro e caminhou com passos lentos e pesados até a rodinha mais próxima. Por onde passava, os bêbados esfregavam os olhos e convenciam-se de que aquilo era apenas efeito do álcool, alguns achavam que realmente era um efeito especial e aplaudiam, queriam mais. O morto ficou muito nervoso, como essas pessoas não tinham medo?

Então ele resolveu tomar uma medida drástica, subiu ao palquinho improvisado, tomou o microfone do vocalista e...

E os baladeiros adoraram. “O esqueleto vai cantar! Ele vai cantar!” entoavam aqui e ali. E então, no fundo do coração que já não batia mais, nasceu um sentimento de glória e o morto percebeu como sua morte tinha sido sem-graça e parada até então e decidiu mudar aquilo de uma vez por todas. Chamou todos os outros corpos para festejarem juntos. E o cimitério nunca mais foi o mesmo.
††††

Feliz dia das bruxas!!

25.10.05

Nunca tinham-na visto sem maquiagem. Nunca. Ninguém. Podia ser o mais cedo da manhã ou o mais tardar da noite, ela continuava lá, firme e forte, com todos os seus pózinhos.

E era alegre, também. Sempre muito alegre, de bem com a vida. E sorria sempre, para todos. Cumprimentava-os, todos, como se os conhecesse, todos. E todos a queriam bem. Não a conheciam, mas gostavam dela. Sempre alegre, sempre maquiada.

Certo dia apareceu uma feminista por lá. Mulher grosseira, mal arrumada, viva descabelada, de cara lavada e revoltada.

A primeira pessoa com quem implicou foi a maquiada, porque, lógico, se pintava. Chamava-a de vendida. Tinha certeza de que não se gostava assim, urg!, maquiada. Gostava, sim! Ela é que tinha inveja, porque era feia.

- Feia?! Eu??

- Mal arrumada! Se pelo menos passasse um batonzinho...

- Sou o que sou, com minha própria cara. Não uso disfarces como você, só para agradar aos outros.

- Desde quando uso disfarces?

E caiu na gargalhada. Riu tanto, tanto, que o pó começou a endurecer-lhe as covinhas, a pele do rosto. Aos poucos ficava paralisada. Olhos fechados, boca aberta, n um riso que aos poucos emudecia.

Ao final daqui, a feminista saiu dali, horrorizada, triunfante.

A maquiada finalmente foi feliz. Virou estátua. E pôde ser bonita sempre e sorrir para todos, mesmo que não os conhecesse.

19.10.05

O começo da semana em textinhos:

Segunda-feira

Hoje fiz uma redação sobre desarmamento. Lógico, acho que todo mundo já fez um este ano. Este tal de referendo inútil está me deixando louca. Mas eu não quero falar disso.
Para pensar, vou deixar uma frase do meu primo viciado em armas (que não seja por isso que deva ser descartado):
"Armas não matam pessoas. Pessoas matam pessoas."

Terça-feira

Atrasar é o meu carma especial. Impressionante como consigo atrasar sempre quando tem coisas importantes. Odeio atrasar. Odeio, odeio. Queria ter um teletransportador, um jato na velocidade do som, ou um helicóptero. Mas eu conseguiria me atrasar, tenho certeza, por confiança na tecnologia.
AHHHHHHHHHH!!!
Queria gritar bem alto no topo de um arranha-céu ou dentro de um buraco, de uma trincheira profunda e deserta, para que ninguém mais ter que ouvir meus berros desesperados, minhas dores, minhas angústias inúteis.

15.10.05

Nocturna

Curtiram?? Meu primeiro layout! Que emocionante. E sem a ajuda de ninguém, hein?? Só uma apostila sobre as pernas, trabalhando sobre o template de outro site (isso não é plágio, li em algum lugar para fazer isso para treinar).
Beijinhos!

14.10.05

Estou entediada dentro de um ônibus parado, achando que vou perder meu filme, pelo menos os trailers, com um pedaço de "Anacrônico" da Pitty na cabeça e um cheiro de caju (vindo da caixa de cajus do banco atrás de mim, cujo dono é tão mau-caráter que nem seguro para deixar alguém sentar). Agora estou com vontade de tomar suco de caju. E eu nunca gostei de suco de caju. O cheiro, na verdade, enfraquece-se, tal qual o meu desejo pela fruta, por causa do odor de suor que acumula-se aos poucos, enquanto o ônibus se enche de pessoas.
Fetidez.
Característica vulgar dos animais. Por que não poderíamos exalar perfumes doces como as flores? Como o caju, cujo odor enche-me as narinas.

Pessoas cheiram mal. Por isso é necessário a higiene. Mas se é para cheirarmos mal, então a higiene é dispensável. (Sim, eu tomo banho todos os dias.)

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Hoje eu fui ao cinema com a Nanda e com o Derek (não sei se ele tem site). Imprevisto.

12.10.05

"A felicidade real sempre parece sórdida em comparação com as supercompensações do sofrimento. E, por certo, a estabilidade não é, nem de longe, tão espetacular como a instabilidade. E o fato de estar satisfeito nada tem da fascinação de uma boa luta contra a desgraça, nada do pitoresco de um combate contra a tentação, ou de uma derrotafatal sob os golpes da paixão ou da dúvida. A felicidade nunca é grandiosa."

- Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo

8.10.05

Alguém já pensou se as frutas querem ser comidas por nós? Ninguém nunca pensou que elas querem apenas cair no chão, se espalhar e dominar o mundo????

((pensamento filosófico de quem estava catando amoras para a mamãe fazer doce hoje à tarde. Ficou gostoso por sinal.))
Então... O que vocês acham do desarmamento??

((continuo sem absolutamente nada para escrever))

5.10.05

Na falta de absolutamente qualquer coisa para escrever...

"Um átomo vira pro outro e diz:

- Perdi um elétron!

- Tem certeza?

- Estou positivo!"

Tenho prova de física amanhã. Não é sobre elétrica, mas essa é a piadinha inteligente e sem graça que eu mais gosto. Não me trucidem, nem se trucidem...