– Ela visualiza, – respondeu Gabriela, que checava as mensagens do celular com os cotovelos apoiados nas coxas – mas nunca responde.
Taís parou a balança com os pés. As duas garotas ficaram em silêncio por um momento. Ouvia-se apenas a música metálica do vento batendo nas correntes das balanças quebradas. O outro barulho, menos sonoro, vinha das notificações constantes do celular de Gabriela.
Gabriela quebrou o silêncio digital:
– É engraçado que ela atualiza tudo.
– Será que ela está brava com a gente? – Taís começou a cutucar a pele em volta das unhas com os dentes.
– Sei lá. Ela ficou bem puta quando a gente falou mal do namorado dela. – disse Gabriela, que não tirava os olhos do celular – Qual era o nome dele mesmo?
– Antonio, acho, mas ela não chamava ele disso. Chamava pelo sobrenome. Nunca vou lembrar.
– Ela deve é estar muito apaixonada. Só tira foto com ele. Nunca pensei que a Ana fosse dessas meninas que começa a namorar e esquece as amigas.
– Se ela não quer falar comigo, eu é que não vou falar ela.
Pela primeira vez durante a tarde quente, Gabriela guardou o telefone. Abraçou as pernas, o olhar estava longe, nos prédios além do parquinho, onde Taís, Gabriela e Ana moravam quando eram crianças. Ana tinha se mudado com os pais há alguns anos para uma casa maior e mais afastada, quando ganhou um irmão e um cachorro. Gabriela sempre quis um cachorro.
Naquela ocasião, Ana tinha levado as duas meninas para brincarem com Thor. O pastor alemão era grandão e carente, roçava na perna de quem estivesse por perto pedindo carinho. Mas nunca trazia de volta as bolinhas que as meninas jogavam. Ana adorava o cachorro.
Gabriela se levantou. Estava tarde, precisava voltar para casa.
– Espero que ela esteja feliz.
Esse é o segundo capítulo de Carregue meu Cadáver, o livro que estou escrevendo sobre relacionamentos abusivos. Vou postar um capítulo por dia até acabar.
Adoraria saber sua opinião, então deixe um comentário me dizendo o que achou, divida com quem você acha que vai gostar e me cobre se eu parar de postar.
Obrigada!
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