– Da onde vem tanta água? - perguntou Jorge, pisando devagar no piso frio do banheiro alagado do limite do chuveiro até a porta.
Haviam sido dois meses felizes até então, em que o casal arrumava e organizava a casa nova. Amora nunca tinha gostado muito da casa dos pais. Era mal localizada, pegava muito pó e não tinha acesso à internet rápida. Mas, agora que os pais morreram, não fazia mais sentido continuar pagando aluguel. O encamento, no entanto, nunca tinha sido um problema.
Fecharam o registro. Puxaram a água com o rodo. Era tarde demais para procurar o vazamento.
Na manhã seguinte, quando Jorge entrou no banheiro segurando um copo de água da cozinha para escovar os dentes, molhou as meias na poça de água limpa.
Se certificou de que o registro estava fechado. Puxou a água com o rodo.
Examinou o cifão da pia. Examinou a torneira. Examinou as cubas. Tudo certo.
Examinou a borracha do box. Examinou o ralo do chuveiro. Tudo certo.
Examinou o reservatório de água da descarga. Examinou o vaso. Tudo certo. Trocou a borrachinha da descarga por precaução.
Na manhã seguinte foi a vez de Amora molhar a barra da calça moletom.
Fechou o registro. Puxou a água com o rodo.
Decidiu chamar um encanador.
– Não achei nada, senhora, mas cobro a cem reais a hora pela consultoria.
Foram quatro horas de trabalho.
Manhã seguinte, mais água.
Fecharam o registro. Puxaram a água com o rodo.
– O que é inundação nos sonhos, mesmo? O que é que sua vó falava?
Amora sabia que Jorge só queria descontrair. Era seu pior defeito.
– Acho que ela diria que é um pesadelo.
Resolveram passar o dia sem banho e escovar os dentes na pia da cozinha.
Manhã seguinte, puxaram a água com o rodo.
Amora espalhou sal grosso em volta da privada e colocou folhas de arruda na bancada da pia. Separou pingentes de ametista para ela e para o marido.
Na manhã seguinte, puxaram a água com o rodo.
O exorcista chegou de tarde. Não teve medo. Três ave-marias. Cinco pai-nossos. Água benta na água do banheiro.
Puxaram com o rodo.
O pai de santo chegou no dia seguinte. Benzeu o casal.
– De onde tá vindo a porra dessa água?
Jorge finalmente tinha perdido a paciência.
O pai de santo lhes deu boa sorte.
– Vamos ter que viver com isso, mesmo?
Amora já estava sem esperanças.
O pai de santo lhes deu boa sorte novamente. Partiu.
Puxaram a água com o rodo.
Examinou o reservatório de água da descarga. Examinou o vaso. Tudo certo. Trocou a borrachinha da descarga por precaução.
Na manhã seguinte foi a vez de Amora molhar a barra da calça moletom.
Fechou o registro. Puxou a água com o rodo.
Decidiu chamar um encanador.
– Não achei nada, senhora, mas cobro a cem reais a hora pela consultoria.
Foram quatro horas de trabalho.
Manhã seguinte, mais água.
Fecharam o registro. Puxaram a água com o rodo.
– O que é inundação nos sonhos, mesmo? O que é que sua vó falava?
Amora sabia que Jorge só queria descontrair. Era seu pior defeito.
– Acho que ela diria que é um pesadelo.
Resolveram passar o dia sem banho e escovar os dentes na pia da cozinha.
Manhã seguinte, puxaram a água com o rodo.
Amora espalhou sal grosso em volta da privada e colocou folhas de arruda na bancada da pia. Separou pingentes de ametista para ela e para o marido.
Na manhã seguinte, puxaram a água com o rodo.
O exorcista chegou de tarde. Não teve medo. Três ave-marias. Cinco pai-nossos. Água benta na água do banheiro.
Puxaram com o rodo.
O pai de santo chegou no dia seguinte. Benzeu o casal.
– De onde tá vindo a porra dessa água?
Jorge finalmente tinha perdido a paciência.
O pai de santo lhes deu boa sorte.
– Vamos ter que viver com isso, mesmo?
Amora já estava sem esperanças.
O pai de santo lhes deu boa sorte novamente. Partiu.
Puxaram a água com o rodo.