Na cúpula do topo do mundo, havia uma enorme mesa redonda de madeira escura, muito bem polida, a ponto de brilhar, refletindo os rostos daqueles que se encontravam ao seu redor. Sentados nas cadeiras da mesma madeira polida, mas revestidas de almofadas cor de mostarda no assento e no encosto para as costas e para a cabeça, estavam os donos do mundo. Era um para cada país, decidindo em uníssono o que seria levado para cada um de seus domínios. Eram todos gordos, principalmente aqueles dos países ricos e frios: alimentavam-se de desesperança, desespero, risos falsos. Riam muito, de boca aberta, risadas altas e escandalosas. Refletindo pelas paredes, as gargalhadas enchiam todo o prédio e vazavam pelas janelas. Do lado de fora, as criaturas mais belas e as plantas mais perfumadas - aquelas que habitavam somente essa região do topo do mundo - se perguntavam do que tanto riam aqueles homens gordos e contentes.
Riam da melhor decisão que já tiveram: criar grupos de militantes, que fariam com que aquelas ovelhas negras que, logicamente, começavam a nutrir dúvidas em relação ao sistema, achassem conforto. Apesar de serem facilmente controlados, alguns seres humanos pensavam um pouquinho. Em toda a sua imaginação, chegavam a perceber que havia algo errado, que alguém, certamente, os estava controlando. Bobagem, diziam os mais competentemente manipulado, Não existe nenhuma cúpula do mundo decidindo seu futuro. Mas há, sim. Existe uma cúpula decidindo o futuro, outra determinando o presente e uma última executando o passado. Apesar disso, os donos do mundo não gostam de ser indentificados. Assim, criaram líderes revoltosos: artistas, ativistas políticos, estudantes - pessoas de pouca importância - a fim de alimentar o menos possível todo um futuro de garotos que pensam ser possível mudar o mundo.
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