Sob o cobertor, encolhido na cama, tentava esquecer o barulho, pensar em outra coisa. Estava escruto e frio. Não tinha coragem de ligar a luz, ver o que era. Puxou a coberta até os olhos, fechou-as, tentou se concentrar. Devia ser o vento, só podia ser. Mas se descesse da cama, talvez o monstro saísse de seu refúgio sob o móvel e devorasse inicialmente seus pés, que tocavam o chão primeiro. O menino estremeceu, pensando nos dentes que rangiam, nas garras que arranhavam, na respiração lenta e ruidosa. Ficou atônito, amedrontado e nunca lembrou de quando, nem muito menos como, conseguiu adormecer.
Todas as noites eram iguais. Pavor. Gelo. Criogenia.
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