Correu pelo labirinto. Dez, vinte, infinitas vezes. Cantos intermináveis. Parecia que corria e nunca conseguia sair. Sua respiração era curta e fragmentada. Os pensamentos corriam tão rápido quanto seus pés. É por aqui, dizia a cabeça. Não, por aqui. Depois da angústia e da desesperança, vinham as náuseas.
Sentou no chão. Frio e sozinho, começou a chorar, como qualquer garoto faria.
– Ei - veio uma voz de dentro de sua cabeça.
O garoto olhou o canto musguento da parede. Em cima das plantinhas, estava uma salamandra de fogo, quase fora de lugar.
– Ei - disse a voz de novo.
O garoto piscou. A salamandra mostrou a língua feita de labaredas.
– Tá perdido, cara?
– Preciso sair daqui - respondeu, em um único sopro.
– Primeiro você tem que relaxar.
Bruno revirou os olhos. Como conseguiria relaxar preso aqui?
– Calma, cara - disse a salamandra. - Desculpa. Ninguém consegue se acalmar quando pedimos calma, né? O segredo é respirar. Inspira uma vez. Duas, três. Agora solta tudo. Isso.
O menino respirou aos poucos, levantando as mãos. Os batimentos cardíacos começaram a desaceleraram e os pensamentos ficavam mais claros.
Em sua mente, as paredes foram se desfazendo. Tijolo sobre tijolo ruiam ao chão. O céu azul, pouco visível acima de si, tomou conta de todo o seu entorno.
Ele abriu os olhos. Sentiu um comichão nas costas. Sorriu para a salamandra.
Abriu as asas que esqueceu que tinha e voou para fora do labirinto.