23.12.15

Tem um senhor que vejo com frequência tomando chimarrão e gritando baixaria pra quem quiser que passe - ou mesmo para ninguém. Ele fica sentado na Praça Roosevelt de frente para a Rua da Consolação. Às vezes está na rampinha na frente da Igreja. Hoje de manhã estava sem camisa, em um dos banquinhos, gritando sobre o Papai Noel. Outro dia gritava que todo mundo caga. É sempre muito poético. Desconfio que seja um ator de um dos teatros de rua em volta da praça, mas não posso ter certeza.

A linha tênue entre a marginalidade social e a performance.

15.12.15

Sabe onde mais dói fazer tatuagem?

Dói em cima do osso do externo, entre os seios quando te dizem que você nunca mais vai conseguir trabalhar.

Dói nos pulsos e nas veias que pulsam quando te dizem que você era tão bonita antes.

Dói atrás da nuca que atravessa até o fundo da garganta quando dizem que você choca e espanta os clientes.

Dói na planta do pé que sobe até o joelho e te desestabiliza quando insinuam que sua pele se extende até o universo e isso tudo é responsabilidade sua.

É só um desenho na minha pele. 
É só pele. 
É só minha pele.

É só minha pele.