Mas então em 2012 meus amigos - todos uns caipiras que eu amo muito - decidiram fazer um filme que se passava numa fazendo abandonada no interior do estado. E em novembro, depois do filme ter passado no Festival de Cannes, levamos o filme de volta a São Manuel. Fizemos exibições no clube da cidade, para a imprensa e demais pessoas de São Manuel e uma exibição muito importante e incrivelmente criativa na própria casa onde o filme foi rodado para a família que nos emprestou a locação. E eu tirei um montão de fotos, claro, porque "meu deus! que lugar bonito!"
30.1.14
São Manuel
Eu não gosto muito de cidades pequenas. Jamais moraria em uma, provavelmente morreria de monotonia. Já acho Campinas, que, até onde tenho conhecimento, é a 5ª maior cidade do Brasil e tem 1 milhão de habitantes, muito pequena. Me mudei pra São Paulo por necessidade. Amo o barulho do trânsito, gente na rua e a possibilidade de sempre ter coisas pra fazer e coisa nova para conhecer. Inclusive quando me mudei para o interior, aos 11 anos, depois de morar 7 em São Paulo, fiquei semanas sem conseguir dormir por causa do silêncio. E tudo isso só piorou quando nos mudamos definitivamente para o que sempre foi a casa de campo dos meus pais, na zona rural de Campinas, sem esgoto ou ruas asfaltadas e ônibus de meia em meia hora.
Mas então em 2012 meus amigos - todos uns caipiras que eu amo muito - decidiram fazer um filme que se passava numa fazendo abandonada no interior do estado. E em novembro, depois do filme ter passado no Festival de Cannes, levamos o filme de volta a São Manuel. Fizemos exibições no clube da cidade, para a imprensa e demais pessoas de São Manuel e uma exibição muito importante e incrivelmente criativa na própria casa onde o filme foi rodado para a família que nos emprestou a locação. E eu tirei um montão de fotos, claro, porque "meu deus! que lugar bonito!"
Mas então em 2012 meus amigos - todos uns caipiras que eu amo muito - decidiram fazer um filme que se passava numa fazendo abandonada no interior do estado. E em novembro, depois do filme ter passado no Festival de Cannes, levamos o filme de volta a São Manuel. Fizemos exibições no clube da cidade, para a imprensa e demais pessoas de São Manuel e uma exibição muito importante e incrivelmente criativa na própria casa onde o filme foi rodado para a família que nos emprestou a locação. E eu tirei um montão de fotos, claro, porque "meu deus! que lugar bonito!"
20.1.14
Casa de ossos
Eu estava com várias coisas interessantes para mostrar até que eu fiquei doente, tomei um antibiótico, tive crise alérgica ao antibiótico, fui parar no hospital pra tomar soro e voltar ao meu corpo normal de mulherzinha que não luta ju-jitsu, ficando mal-humorada e com sono por alguns dias. E ainda estou com restinhos de alergia nas pernas e na barriga. Como eu nunca tive isso antes, acho que tenho o direito de fazer draminha. Nessas, a Catraca Livre publicou uma das coisas que eu até já tinha começado a esboçar por aqui. Mas tudo bem, acho que eles fazem um trabalho melhor de traduzir notícias que eu. De qualquer forma, uso a internet demais e achei outras coisas legais.
Gosto de colecionar lugares sinistros pela terra para visitar algum dia. Já fui pras Catacumbas de Paris e ainda vou àquela igreja de ossos de Praga. Afinal, se tem um bom motivo para estar vivo é lembrar que algum dia vamos morrer. Esses dias, então, achei mais um memento mori fantástico.
A beinhaus (casa de ossos) é um lugar onde as caveiras dos mortos eram recolhidas, limpas e tingidas de branco por semanas de banhos de sol e de lua. Depois eram pintados com pigmentos naturais: flores para as mulheres, ervas para os homens. O nome e as datas de nascimento e de morte eram escritas na testa.O austríaco Paul Kranzler fotografou a beinhaus e as caveiras pintadas. "A tradição começou em 1720 e agora há mais de doze mil caveiras, seis mil e 10 das quais foram pintadas. A última caveira que entrou na beinhaus foi em 1995. A mulher morreu em 1983 e foi seu último pedido ser guardada ali", diz o fotógrafo em entrevista para a New Yorker.
Além das caveiras decoradas, Kranzler fotografou a vista da balsa que leva até o local, mas, sinceramente, quem precisa de balsa quando você tem caveiras decoradas com letras góticas?
Gosto de colecionar lugares sinistros pela terra para visitar algum dia. Já fui pras Catacumbas de Paris e ainda vou àquela igreja de ossos de Praga. Afinal, se tem um bom motivo para estar vivo é lembrar que algum dia vamos morrer. Esses dias, então, achei mais um memento mori fantástico.
A beinhaus (casa de ossos) é um lugar onde as caveiras dos mortos eram recolhidas, limpas e tingidas de branco por semanas de banhos de sol e de lua. Depois eram pintados com pigmentos naturais: flores para as mulheres, ervas para os homens. O nome e as datas de nascimento e de morte eram escritas na testa.O austríaco Paul Kranzler fotografou a beinhaus e as caveiras pintadas. "A tradição começou em 1720 e agora há mais de doze mil caveiras, seis mil e 10 das quais foram pintadas. A última caveira que entrou na beinhaus foi em 1995. A mulher morreu em 1983 e foi seu último pedido ser guardada ali", diz o fotógrafo em entrevista para a New Yorker.
Além das caveiras decoradas, Kranzler fotografou a vista da balsa que leva até o local, mas, sinceramente, quem precisa de balsa quando você tem caveiras decoradas com letras góticas?
Para ver mais: Paul Kranzler: Vade Mecum e The Bone House
8.1.14
Punk de Boutique
Nas férias eu decidi limpar meu armário e me reencontrei com todas as minhas roupas de adolescente. Sabe aquelas que têm buracos, manchas de desodorante, que eram pretas e ficaram cinzas de tanto serem lavadas, mas que mesmo assim, elas têm um pedacinho tão importante de você que é simplesmente impossível jogar fora?
Essa do Batman comprei da primeira vez que fui na Galeria do Rock, lá por 2005, junto com um cinto de rebite, de couro sintético (aparentemente sintético é cyberpunk demais pras pessoas hoje que preferem que tudo seja "ecológico"), uso até hoje, evidentemente sem a mesma ginga adolescente. Os dois juntos custaram uns 30 reais. A do Nightwish é da segunda ida. A do Fantasma da Ópera foi de quando fui assistir ao musical com minha irmã e minha tia. A camiseta custou uma fortuna (o que era considerado uma fortuna na época), mas tinha que ter. Lembro que nessa época eu tava saindo da escola e eu simplesmente não tinha roupas para o dia a dia. Eu vestia pijama, uniforme e roupa de sair. Não havia nada intermediário e, longe das pressões do colégio incrivelmente conservador, consegui formar meu próprio senso de estilo. Parei de usar as camisetas de tanto que minha mãe brigou comigo.
A camiseta do Jack comprei num evento de anime. Ela era incrível, cheia de ilhoses, fitas e alfinetes. Tá melhorzinha que as outras porque eu tinha dó de usar. A de caveiras é uma história interessante. Comprei na internet, de uma vendedora que fazia as roupas e vendia pelo Fotolog e pelo Orkut (ê, saudade), junto com uma blusa de manga longa listrada (que eu amo e ainda uso no frio). A moça que vendia sempre tirava as fotos das roupas nela e ela tinha pouco peito. Eu esqueci de calcular esse detalhe e em mim a blusa fica absurdamente obsena, tanto que só tive coragem de usar 3 vezes: um foi na choppada quando entrei na faculdade, onde causei frisson, a outra foi na festa onde fiquei pela primeira vez com meu primeiro namorado e a outra foi pra tirar 10 num seminário de um professor tarado. Alcancei meus objetivos todas as vezes.
Meu primeiro crucifixo comprei de um hippie, por acaso no meio da rua. Meu coturno era uma bota preta com saltinho e cadarço herdado da minha tia. O único esmalte preto era o preto da Colorama, super difícil de achar. Tinha colegas que faziam com bic preta e base, mas eu nunca me aventurei tão longe porque sou medrosa, mesmo motivo que nunca pintei o cabelo, apesar de saber o passo a passo certinho e todas as marcas de tintura boa até hoje, porque lia todos os poucos blogs a respeito. Usava as saias fluídas da minha mãe. Os lápis de olho que eu conseguia comprar eram todos ruins. Não usava espartilho porque achava caro demais e, né?, ser rebelde com dinheiro dos pais não faz muito sentido. Quer dizer, era muito difícil achar roupa alternativa naquela época. A gente se virava como podia.
Eu sou tipo a tiazona do metal que fica reclamando que hoje em dia só tem poser que usa as camisetas de banda porque tá na moda. Já escrevi sobre isso aqui em outra oportunidade. Mas esbarrei em três textos tão maravilhosos do Moda de Subculturas que tive que vir falar mais um pouquinho sobre isso. Recentemente a quantidade de bijuterias que eu tenho dobrou porque finalmente estou encontrando as coisas que eu gosto com facilidade. Comprei um colar de aranha na loja de bijuterias xexelenta da rodoviária e um colar majestoso com um crucifixo enorme na promoção da Acessorize. Acho que a Deborah adolescente ia odiar tudo isso, provavelmente, mas adolescentes odeiam tudo. É legal ter tudo à mão e compro bastante com medo de que na próxima estação tudo fique florido e fluor de novo.
Aí tem as calças listradas preto e branco. Teve um momento tenebroso da minha vida que eu comecei a seguir o Lookbook no Tumblr. Era um problema porque tinham várias meninas estilosas e eu ficava com vontade de me montar todos os dias. E eu não sou assim, sempre repito roupa, só uso coisa confortável, foi complicado. Mas uma coisa ficou. Uma estação antes, eu vi dezenas de meninas estilosas usando leggings com listras verticais em preto e branco. Meu deus, a calça do Beetlejuice. Quando eu era mais nova e pensei em fazer minha próprias roupas (feito que nunca realizei porque não sei pregar uma lantejoula), eu sonhava com uma jaquela do beetlejuice, com umas correntes e uns ilhoses e umas rendas. E eu nunca achava nada preto e branco em lugar nenhum. Contava os dias pra tendência chegar aqui. Eu sabia todas as combinações que eu faria. Comprei a minha na Marisa, assim que chegou. Servia certinho, o que é incrível, porque calças nunca servem. Logo em seguida, o Brasil inteiro comprou.
E eu, que sempre fiz tanta questão de ser diferente vi o país inteiro zombando do meu estilo construído meticulosamente em todos os detalhes durante anos. E junto com isso veio o medo eterno que rondam as meninas alternativas naturalmente loiras (ou pelo menos, o medo que sempre me rondou): será que as pessoas vão me confundir com uma patricinha agora? Que usa as coisas só porque estão na moda? O horror, o horror.
De qualquer forma, recentemente comprei uma outra blusa do batman na José Paulino. Ela tem gola canoa e um corte legal, bem diferente da baby look barata da adolescência. Também tem a estampa bem maior e, minha parte preferida, tem glitter. Tenho uma camiseta nova do batman pra substituir a antiga, tão querido.
Espero que os adolescentes de hoje consigam apreciar a facilidade que é conseguir essas coisas e construir seu próprio estilo de maneira tão simples.
Mas aí meio que perde a maior parte da graça de ser underground, né?
Ahhhh, a adolescência... |
Essa do Batman comprei da primeira vez que fui na Galeria do Rock, lá por 2005, junto com um cinto de rebite, de couro sintético (aparentemente sintético é cyberpunk demais pras pessoas hoje que preferem que tudo seja "ecológico"), uso até hoje, evidentemente sem a mesma ginga adolescente. Os dois juntos custaram uns 30 reais. A do Nightwish é da segunda ida. A do Fantasma da Ópera foi de quando fui assistir ao musical com minha irmã e minha tia. A camiseta custou uma fortuna (o que era considerado uma fortuna na época), mas tinha que ter. Lembro que nessa época eu tava saindo da escola e eu simplesmente não tinha roupas para o dia a dia. Eu vestia pijama, uniforme e roupa de sair. Não havia nada intermediário e, longe das pressões do colégio incrivelmente conservador, consegui formar meu próprio senso de estilo. Parei de usar as camisetas de tanto que minha mãe brigou comigo.
A camiseta do Jack comprei num evento de anime. Ela era incrível, cheia de ilhoses, fitas e alfinetes. Tá melhorzinha que as outras porque eu tinha dó de usar. A de caveiras é uma história interessante. Comprei na internet, de uma vendedora que fazia as roupas e vendia pelo Fotolog e pelo Orkut (ê, saudade), junto com uma blusa de manga longa listrada (que eu amo e ainda uso no frio). A moça que vendia sempre tirava as fotos das roupas nela e ela tinha pouco peito. Eu esqueci de calcular esse detalhe e em mim a blusa fica absurdamente obsena, tanto que só tive coragem de usar 3 vezes: um foi na choppada quando entrei na faculdade, onde causei frisson, a outra foi na festa onde fiquei pela primeira vez com meu primeiro namorado e a outra foi pra tirar 10 num seminário de um professor tarado. Alcancei meus objetivos todas as vezes.
Meu primeiro crucifixo comprei de um hippie, por acaso no meio da rua. Meu coturno era uma bota preta com saltinho e cadarço herdado da minha tia. O único esmalte preto era o preto da Colorama, super difícil de achar. Tinha colegas que faziam com bic preta e base, mas eu nunca me aventurei tão longe porque sou medrosa, mesmo motivo que nunca pintei o cabelo, apesar de saber o passo a passo certinho e todas as marcas de tintura boa até hoje, porque lia todos os poucos blogs a respeito. Usava as saias fluídas da minha mãe. Os lápis de olho que eu conseguia comprar eram todos ruins. Não usava espartilho porque achava caro demais e, né?, ser rebelde com dinheiro dos pais não faz muito sentido. Quer dizer, era muito difícil achar roupa alternativa naquela época. A gente se virava como podia.
Eu sou tipo a tiazona do metal que fica reclamando que hoje em dia só tem poser que usa as camisetas de banda porque tá na moda. Já escrevi sobre isso aqui em outra oportunidade. Mas esbarrei em três textos tão maravilhosos do Moda de Subculturas que tive que vir falar mais um pouquinho sobre isso. Recentemente a quantidade de bijuterias que eu tenho dobrou porque finalmente estou encontrando as coisas que eu gosto com facilidade. Comprei um colar de aranha na loja de bijuterias xexelenta da rodoviária e um colar majestoso com um crucifixo enorme na promoção da Acessorize. Acho que a Deborah adolescente ia odiar tudo isso, provavelmente, mas adolescentes odeiam tudo. É legal ter tudo à mão e compro bastante com medo de que na próxima estação tudo fique florido e fluor de novo.
Aí tem as calças listradas preto e branco. Teve um momento tenebroso da minha vida que eu comecei a seguir o Lookbook no Tumblr. Era um problema porque tinham várias meninas estilosas e eu ficava com vontade de me montar todos os dias. E eu não sou assim, sempre repito roupa, só uso coisa confortável, foi complicado. Mas uma coisa ficou. Uma estação antes, eu vi dezenas de meninas estilosas usando leggings com listras verticais em preto e branco. Meu deus, a calça do Beetlejuice. Quando eu era mais nova e pensei em fazer minha próprias roupas (feito que nunca realizei porque não sei pregar uma lantejoula), eu sonhava com uma jaquela do beetlejuice, com umas correntes e uns ilhoses e umas rendas. E eu nunca achava nada preto e branco em lugar nenhum. Contava os dias pra tendência chegar aqui. Eu sabia todas as combinações que eu faria. Comprei a minha na Marisa, assim que chegou. Servia certinho, o que é incrível, porque calças nunca servem. Logo em seguida, o Brasil inteiro comprou.
E eu, que sempre fiz tanta questão de ser diferente vi o país inteiro zombando do meu estilo construído meticulosamente em todos os detalhes durante anos. E junto com isso veio o medo eterno que rondam as meninas alternativas naturalmente loiras (ou pelo menos, o medo que sempre me rondou): será que as pessoas vão me confundir com uma patricinha agora? Que usa as coisas só porque estão na moda? O horror, o horror.
De qualquer forma, recentemente comprei uma outra blusa do batman na José Paulino. Ela tem gola canoa e um corte legal, bem diferente da baby look barata da adolescência. Também tem a estampa bem maior e, minha parte preferida, tem glitter. Tenho uma camiseta nova do batman pra substituir a antiga, tão querido.
Espero que os adolescentes de hoje consigam apreciar a facilidade que é conseguir essas coisas e construir seu próprio estilo de maneira tão simples.
Mas aí meio que perde a maior parte da graça de ser underground, né?
5.1.14
Drogas Fotográficas
Ano passado eu percebi que muita coisa que as pessoas viam na Ideafixa, na Zupi, no Hypeness e agora na Obvious Mag eu já tinha visto há muito tempo em qualquer lugar. Eu sempre recomendava as coisas legais que eu achava na internet no meu facebook pessoal e comecei a achar que eu deveria fazer um blog para conseguir compartilhar essas coisas melhor e poder guardar os links pra sempre, já que o senhor Zuckerberg não acha que deveria guardar todas as fotos dos meus cachorros pra mim, aquele egoísta. Mas, né?, já tenho um blog, mais fácil criar uma sessãozinha aqui só para isso.
Embora essa seja minha profissão, sempre que eu vou escrever qualquer coisa sobre arte eu me sinto uma imbecil pedante com cigarro de hortelã na mão ouvindo jazz. Olha só o que a faculdade e a pós-graduação estão fazendo comigo. Outra vantagem de blogar sistematicamente sobre essas coisas: a gente solta os músculos da escrita pedante de "crítica de arte".
Mas deixando os mimimis de lado, Sarah Schoenfeld é uma fotógrafa alemã, de Berlim. Entre outros trabalhos interessantes, ela fez a série "All you can feel" (tudo que se pode sentir), onde pingou uma série de drogas - legais e ilegais - sobre papel fotográfico, ampliando o resultado. Usou metadona, cocaína, mas também cafeína e estrogênio, colocando todas essas substâncias químicas no mesmo patamar, enquanto todas elas alteram nosso comportamente físico e psicológico. Como toda menina que começou a tomar pílulas anticoncepcionais para controlar espinhas e todo mundo que fica agitado demais até para ler uma história em quadrinhos quando bebe café poderia dizer, há uma linha tênue entre o que é ou não politicamente aceitável. Sarah Schoenfeld usa as imagens dessas substâncias pra pensar nessa possível diferença, aproveitando para formar imagens belíssimas.
Abaixo selecionei minhas preferidas. Em algumas, as toxinas até parecem se tornar planetas, em outras, a reação foi tão intensa que ocuparam o negativo inteiro, impossível de serem paradas.
Outra coisa que eu aprendi com esse ensaio (que eu já tinha percebido em Orange is the New Black) é que nos países de primeiro mundo se usam umas drogas diferentes daqui.
Embora essa seja minha profissão, sempre que eu vou escrever qualquer coisa sobre arte eu me sinto uma imbecil pedante com cigarro de hortelã na mão ouvindo jazz. Olha só o que a faculdade e a pós-graduação estão fazendo comigo. Outra vantagem de blogar sistematicamente sobre essas coisas: a gente solta os músculos da escrita pedante de "crítica de arte".
Mas deixando os mimimis de lado, Sarah Schoenfeld é uma fotógrafa alemã, de Berlim. Entre outros trabalhos interessantes, ela fez a série "All you can feel" (tudo que se pode sentir), onde pingou uma série de drogas - legais e ilegais - sobre papel fotográfico, ampliando o resultado. Usou metadona, cocaína, mas também cafeína e estrogênio, colocando todas essas substâncias químicas no mesmo patamar, enquanto todas elas alteram nosso comportamente físico e psicológico. Como toda menina que começou a tomar pílulas anticoncepcionais para controlar espinhas e todo mundo que fica agitado demais até para ler uma história em quadrinhos quando bebe café poderia dizer, há uma linha tênue entre o que é ou não politicamente aceitável. Sarah Schoenfeld usa as imagens dessas substâncias pra pensar nessa possível diferença, aproveitando para formar imagens belíssimas.
Abaixo selecionei minhas preferidas. Em algumas, as toxinas até parecem se tornar planetas, em outras, a reação foi tão intensa que ocuparam o negativo inteiro, impossível de serem paradas.
Adrenalina |
Cafeína |
Metanfetamina |
Gama-hidroxibutirato (GHB) (boa noite cinderela) |
MDMA (esctasy) |
Anfetamina |
Anfetamina e Mephedrone |
Fonte: All you can feel
1.1.14
2014
O último ano foi bem complicado. Entrei no mestrado, revi amigos que não via há muito tempo, me mudei parcialmente pra São Paulo. Mas ao mesmo tempo comecei e abandonei 3 projetos diferentes e sinto que não realizei virtualmente nada. Passei tempo demais na internet, parei de desenhar, parei de escrever, não fiz nenhum filme e tirei bem poucas fotos. Zero realizações além de três monografias acadêmicas e a frustração enorme de não ter a menor idéia do que estou fazendo com a minha vida.
Então decidi fazer algumas mudanças. Começando pelas que todo mundo faz:
Então decidi fazer algumas mudanças. Começando pelas que todo mundo faz:
- Ler mais livros.
Esse ano comprei um monte de livros (quase todos teóricos) e não li nenhum. Além dos que já estavam encostados na prateleira. - Juntar dinheiro.
Algum dia eu aprendo que ter 10 reais sobrando não significa que agora posso comprar um esmalte novo. - Parar de juntar tranqueira.
No fim das contas eu junto tralha pra poder jogar tudo fora depois. Adoro jogar coisas fora, mas tudo seria mais simples se eu simplesmente parasse de juntar cartõezinhos e embalagens bonitinhas. - Voltar a praticar atividade física.
- Postar no blog pelo menos uma vez por semana.
- Fazer uma sessão de fotos bem legal (ou mais ou menos legal) pelo menos uma vez por mês.
- Usar menos redes sociais.
Poderia dizer “procrastinar menos”, mas almoçar é importante. Lavar o rosto também. E são coisas que eu sempre faço depois de olhar o facebook por duas horas de manhã. Acho que “ver menos tv” pode entrar aqui também. - Só comprar coisas se forem absolutamente incríveis e indispensáveis.
O problema de ter duas casas é que a gente nunca acha o que a gente tem quando precisa. Comprei algumas maquiagens baratas porque as boas que eu tinha estavam na outra casa. Comprei anéis só porque estavam baratos. Alguns eram realmente legais, outros quase não usei. E, enquanto isso, em Campinas tenho pilhas de bijuterias e canetas e marca-texto e necessaires sem uso. Realmente queria poder juntar tudo que tenho em um lugar só. - Ir nas exposições e ver os filmes que eu quero na semana em que estréiam em vez de ficar dois meses enrolando e decidir ir no dia seguinte ao encerramento.
- Sair mais com meus amigos.
Nunca mais passo um fim de semana sozinha sem nem ver seriado ou trabalhar no meu projeto na casa dos meus pais, reclamando de como estou sozinha em casa enquanto meus pais dormem e meus irmãos saem cada um com seus amigos. - E, principalmente, parar de usar as outras pessoas como desculpa pelos meus problemas.
Preciso aprender a dizer não pras pessoas, mesmo que essas pessoas paguem minhas contas. Preciso que elas deixem de pagar minhas contas.
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