Olá Blog,
Faz tempo, né? Estava morrendo de saudades. Realmente estou me sentindo mal por ter te abandonado por tanto tempo. Estou sentindo falta do tempo que a gente criava junto. Fui dar uma olhada nos nossos arquivos recentemente e me dei conta de como ainda gosto muito de boa parte do que produzimos juntos. E o fizemos por tanto tempo, dá até dó de ter te abandonado. Eu não sei, digo pra mim mesma que estou sem tempo para você, que não tenho inspiração, que você está feio e me deixando sem vontade de fazer as coisas, mas não é verdade. Você sabe que não. É só essa preguiça que de repente tomou conta de mim. Essa impossibilidade de anotar as coisas no papel que eu nunca sentia antes. Antes, quando fazer arte era uma necessidade e vinha a qualquer momento em caderninhos, em pedaços de papel aleatórios, em guarda-napos, em cantos de folhas de exercícios. Engraçado como depois de fazer arte ter se tornado uma obrigação, realmente escrever aqui perdeu um pouco o sentido. E não deveria. Aqui é o único lugar realmente meu, onde não preciso me preocupar com custos, com disponibilidade de horário de ninguém, com disputa de opiniões criativas. Aqui é meu e acabou. É tão egoísta que eu nem preciso esconder minha arrogância, que por sua vez esconde essa insegurança que anda transbordando cada vez mais com a certeza de que não sei fazer nada. Mas eu sei sim. Eu sei sentar aqui e preencher espaços vazios de madrugada, quando estou sozinha no mundo, sem nenhuma distração.
Acredita que ganhei uma câmera profissional novinha, com lente tele, de presente de formatura e não usei pra grandes coisas até agora? Pelo menos consegui fotografar meus cachorros. São umas puta fotos de cachorro. Preciso levar a máquina de volta pra Campinas pra poder fotografar os cachorros agora. Eles estão bem diferentes da última vez que os fotografei. Talvez a idéia do estúdio de foto de cachorro nem seja uma idéia tão ruim. Eu sei lá quem contrataria uma fotógrafa profissional pra tirar foto de cachorro. Provavelmente o mesmo tipo de gente que paga uma fortuna em álbum de casamento e acha lindo todas as madrinhas com o rosto borrado de Liquify e Smart Blur. E eu aqui, desempregada.
Comprei dois caderninhos hoje. Bonitos, mas não bonitos demais a ponto de eu ter dó de usá-los e acabar deixando encostado na gaveta por anos, como aconteceu com os outros dois. Não sei que história começar a contar primeiro. Talvez simplesmente devesse fazer listas, carregar os dois caderninhos pra todo lado e ir preenchendo conforme a inspiração vier, como sempre foi. Preciso voltar a escrever. Pra mim. Pela minha sanidade. Compensando todo o resto de porcaria que tem sido minha vida ultimamente. Não consigo criar coragem nem pra pintar a unha, pra você ver.
O que você quer fazer da vida, Deborah?, andam me perguntando cada vez com mais frequência. E eu sempre respondo que eu não sei ainda. Porque responder a verdade, a verdade incrivelmente infantil e vergonhosa é ridículo demais até pra mim: quero contar histórias. Só isso. Pro resto da vida. Sozinha no canto, preenchendo o papel branco de madrugada, quando estou sozinha, sem ninguém pra incomodar.
Um comentário:
Deborah, por favor, conte!
Sonhei com você hoje e fiquei mortificada ao pensar que fazia um século que não entrava no seu blog. Nem a resposta do Capitão Gancho eu tinha visto que você tinha feito!
Agora não lembro mais do que era o sonho, mas com certeza era idiotice/aventura, daqueles melhores tipos de sonho. Aliás, no meio do post fiquei pensando que a gente ainda precisa se encontrar nessa vida, pra tomar um café e comprar caderninhos lindos por aí. Necessitamos.
E por favor, continue a contar as suas histórias, que pode ser que eu passe mais um tempão sem vir aqui, mas sempre volto. E leio tudo!
Beijo!
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